Dados foram apresentados durante evento da Associação Brasileira de Franchising (ABF), em São Paulo
Após longos três anos de transformações, as franquias de alimentação faturaram R$ 51.918 bilhões em 2022, 18% a mais do que em 2021. O número de unidades cresceu 9%, ultrapassando 40 mil, e o número de redes teve um avanço de 5%, totalizando 857 marcas. No primeiro trimestre deste ano, o crescimento no faturamento foi de 20%. O setor também se transformou e passou a diversificar as culinárias oferecidas: 50% afirmam que tinham marcas exclusivas para delivery em seu escopo de negócios em 2022. Os dados foram apresentados no Seminário Setorial de Food Service, evento da ABF Franchising Week 2023, que acontece nesta segunda-feira (26), em São Paulo.
No evento, foram apresentados os resultados da Pesquisa Setorial de Food Service 2023, que contou com a participação de 41 marcas, que representam 42% do faturamento e 8.960 pontos de venda. De acordo com o levantamento, feito em parceria com a consultoria Galunion, 95% das redes apostam em multifranqueados (franqueados que comandam mais de uma unidade), sendo que 73% permitem que os empreendedores trabalhem com mais de uma marca.
Mais da metade das unidades franqueadas (52%) está em shopping centers, e 39% estão em pontos de rua. Apenas 9% estão em galerias e outras localizações.
Exclusividade no delivery atingia 44% das redes em 2022
O delivery era usado por 93% das marcas entrevistas em 2022, sendo que 44% atuavam com exclusividade com alguma plataforma de marketplace, como iFood ou Rappi. Em março deste ano, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) fechou um acordo com o iFood que impede contrato de exclusividade com redes acima de 30 restaurantes.
O canal caiu 10% em share nas franquias em 2022, mas cresceu 14% em valor nas operações das marcas. A taxa média de entrega fica em R$ 8. A pesquisa ainda identificou que o tempo médio de entrega é de 23 minutos, considerado o período de produção e espera do motoqueiro.
As redes pesquisadas apontaram elementos que precisam melhorar na relação com os marketplaces:
- Preço elevado do serviço (85%)
- Acesso aos dados dos clientes (82%)
- Conciliação financeira (67%)
- Falta de mecanismos para interagir em caso de problemas ocorridos com clientes (55%)
Metade das franquias possui uma marca virtual, desenvolvida somente para o delivery. Alguns exemplos são o China in Box, Giraffas e Mr. Cheney. A pesquisa identificou a existência de 2,7 marcas virtuais, em média, para quem opera a modalidade. “Isso mostra que, destes, alguns devem ter muitas marcas, já que sabemos que outros contam apenas com uma marca. Já sobre o modelo de operação, 95% são dentro de lojas existentes, podendo ser própria ou de franqueados, enquanto 37% são em dark kitchens próprias e apenas 11% dentro de lojas de outras marcas já existentes”, diz Simone Galante, CEO e fundadora da Galunion.
Serviços rápidos dominam o setor
O levantamento identificou que Grelhados/Churrasco representa a maior fatia entre as culinárias oferecidas no sistema de franquias, com 17%. Há um empate técnico no segundo lugar, ocupado por Hamburgueria e/ou Sanduicheria, Cafeterias/Chás e Outros, todos com 15%. O modelo de negócio mais expressivo é o serviço rápido, que se aplica a fast-food, fast casual, self-service, em lanchonetes e cafeterias, que representa 73%.
“Nota-se que houve um aumento expressivo por restaurantes e locais que ofereçam o serviço rápido, tanto presencial como delivery ou takeaway. Diante disso, foi possível observar que as redes investiram em estratégias e mudanças no menu para se adaptar ao perfil dos clientes. Com isso, 44% optaram tanto pela redução de itens no cardápio, quanto pela reorganização do menu para publicação online ou digital em diferentes plataformas. Isso também auxilia na tentativa de diminuição dos impactos da inflação que o setor de alimentação vem sofrendo”, diz Tom Moreira Leite, presidente da ABF.
Tíquete médio mais elevado no delivery
Os dados ainda mostram que há uma diferença em relação ao tíquete médio. No geral, o valor é de R$ 53,33. Mas há um aumento no valor quando o pedido é feito para o delivery, saindo por R$ 55,99 (sem taxa) e R$ 61,64 (delivery com taxa). Operações no salão têm um tíquete médio menor, de cerca de R$ 52,69. Galante pondera que alguns restaurantes com serviço de mesa, como gastrobares, têm tíquetes mais elevados no presencial e pouca incidência de delivery.
O Custo de Mercadoria Vendida (CMV), que inclui itens descartáveis, logística e mão-de-obra direta, por exemplo, com base em valores sobre faturamento bruto, passou de 33,4% em 2021 para 33,8% em 2022, uma variação de 0,4%. Os custos de ocupação sob o faturamento bruto são de 18% para shoppings, 11% para pontos nas ruas e 14% para galerias e outros locais.
Para 2023, as redes apontam que os maiores desafios são a manutenção do Custo de Mercadoria Vendida (CMV) (29%), recuperação do faturamento durante e pós-pandemia e recrutamento (29%) e treinamento e seleção de equipes (29%). Em 2022, os maiores desafios, para 63%, eram a relação de franqueado e franqueador, transformação digital e rentabilidade.
Redes apostam em collabs e itens veganos
Cada marca lançou, em média, 12 produtos novos ao longo de 2022. A principal aposta (51%) para este anos são as parcerias de co-branding com fornecedores conhecidos. Outra parte (44%) ampliou a oferta de itens veganos ou vegetarianos, e 39% buscaram novos itens pautados em saúde e bem-estar, como alimentos funcionais ou de reforço para a imunidade.
“Outras tendências que são monitoradas pelas redes englobam alternativas para redução de desperdícios e produtos e ingredientes sustentáveis, ambos representando 29%”, diz Galante.
Menu reduzido, quiosques e eventos estão no radar
Para a expansão futura, as redes têm priorizado formatos diversos, como loja de menu reduzido (49%), quiosques (41%), lojas em lugares não tradicionais (41%) – como festivais, foodhalls, dentro de comércios ou espaços culturais cujo foco não é alimentação –, pontos de venda avançados (32%), restaurantes virtuais (29%) e lojas autônomas (24%).
Redes relatam adesão a pilares ESG
Nesta edição, a pesquisa buscou entender como as marcas têm promovido ações que promovam os pilares do ESG (Meio ambiente, social e governança, da sigla em inglês). Quase sete em cada dez marcas (68%) afirmam adotar práticas sustentáveis. “Para entender melhor o que tem sido feito, perguntamos quais seriam tais práticas. Dentre elas, 68% investem em controle de desperdício de alimentos, 61% escolhem embalagens ambientalmente responsáveis e 57% efetuam a coleta e destinação correta de óleo vegetal usado”, afirma Galante.
Ainda com base em práticas de ESG, 93% das redes afirmam promover a equidade e diversidade de gênero, cor e orientação sexual, e 89% dizem atuar com transparência e ética de conduta, enquanto 74% participam de ações sociais.
*Com informações do portal PEGN