Caminho da digitalização passa pelos pequenos empreendedores

Independentemente do futuro político, tecnologia vai continuar a transformar

“Um grande negócio começa pequeno”, diz Richard Branson. Os negócios micro, pequenos e médios ocupam o palco nos debates eleitorais do Brasil. Não à toa. Temos o país das PMEs (pequenas e médias empresas), e essa promessa tantas vezes adiada tem chance de se realizar agora com o avanço da transformação digital no país.

Depois do “tsunami tech” de 2021, os últimos meses têm sido de correção. Ainda assim, a oportunidade é grande, principalmente considerando as mudanças de comportamento alavancadas pela pandemia, com a consolidação de plataformas de e-commerce e delivery, e a taxa, ainda baixa, de penetração digital na economia. De acordo com relatório inédito conduzido pelo Atlantico, nosso fundo de venture capital, o índice é de 3% —por volta de um décimo do de países desenvolvidos, como os Estados Unidos.

O potencial de geração de valor é na casa de centenas de bilhões de dólares. A chave para essa virada pode estar nas pequenas e médias empresas.

Do total das empresas no Brasil, 85% são consideradas microempresas, de acordo com nosso relatório. Nos Estados Unidos, essa cifra é de 79%. A contribuição para a economia, no entanto, é muito menor se comparada àquela dos países desenvolvidos. O conjunto de PMEs no Brasil responde por cerca de 25% do PIB, enquanto nos EUA essa participação é de 44%.

O unicórnio Olist, que oferece um portfólio completo de soluções digitais para empresas venderem online, foi fundamental na digitalização do comércio de 2020 para cá. Milhares de pequenos empreendedores abriram sua loja online, o que significou, muitas vezes, não fechar as portas definitivamente. Cresceram, inclusive, seis vezes acima da média do e-commerce local. O próprio Olist cresceu, incorporando outras soluções e marcas para ampliar a oferta e ajudar os pequenos negócios de forma multicanal.

O acesso a serviços financeiros é outra barreira enfrentada por essas empresas —o que a tecnologia pode reduzir. A fintech brasileira Cora oferece uma solução completa de pagamentos para PJs. Em um ano e meio, construiu uma base sólida de clientes e de volume de transações. Já a Zippi, de microcrédito, entrega ao microempreendedor capital de giro, usando o Pix, lançado no Brasil em 2020.

Costumo dizer que o Banco Central foi a startup brasileira mais inovadora dos últimos anos. O uso do Pix hoje supera os outros tipos de pagamentos digitais, empatando com o dinheiro em espécie como a forma de pagamento mais usada diariamente, segundo levantamento inédito do Atlantico em parceria com a AtlasIntel. O ritmo de crescimento é superior mesmo ao de casos de sucesso em outros países, como o UPI da Índia, lançado quatro anos antes. O uso foi alavancado por pessoas físicas, mas a participação de empresas no total de chaves registradas já se aproxima de 10%, puxada principalmente pelas PMEs.

As PMEs são o motor da nossa economia e a digitalização do Brasil passa, necessariamente, pela transformação desses milhares de negócios. Olhando para além da representatividade no PIB, as pequenas e médias empresas têm um grande impacto na população. São 87 milhões de pessoas beneficiadas por esses negócios, o equivalente a 40% da população brasileira, segundo um levantamento do Sebrae.

Acredito que a evolução do Pix, do open finance e das startups voltadas para PMEs pode levar o Brasil a outro patamar. Independentemente do nosso futuro político, a tecnologia vai continuar a transformar.

Fonte: Folha de S. Paulo

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