Com o nascimento do seu filho, o cineasta Mario Zugair, 46 anos, sentiu a necessidade de realizar uma transformação em sua vida. Ele queria criar um negócio que se encaixasse com as tendências de comportamento de consumo e, ao mesmo tempo, ajudasse a regenerar o meio ambiente, com uma filosofia de “devolver para o planeta”. Assim, fundou, em 2021, a Leafy Eco, rede de lavanderias autônomas, que funciona sem a necessidade de funcionários.
Faz pouco mais de nove meses que a primeira unidade foi aberta na região de Higienópolis, em São Paulo. De lá para cá, a marca ganhou mais duas unidades de rua, e uma está instalada dentro de um condomínio. Ainda no primeiro trimestre de 2023, outra deve ser aberta na região da Vila Madalena, também na capital paulista.
A proposta da rede é a seguinte: a cada dez ciclos de lavagem e secagem, uma muda de árvore nativa da mata atlântica é doada. “Tínhamos o objetivo de doar 300 mudas em 2022, e chegamos a mais de 700”, diz o empreendedor. A meta, de acordo com ele, é chegar a 1,2 mil árvores plantadas em 2023.
A ação ocorre em parceria com o Sítio Árvores Gerais, em Florestal (MG). A Leafy doa as mudas e fornece orientações para o plantio no entorno de nascentes, margens de rios ou ainda na formação de sistemas agroflorestais. O público beneficiado diretamente é formado por pequenos agricultores e ONGs. A rede documenta os plantios em suas redes sociais.
Cada uma das lavanderias de rua demandou um investimento médio de R$ 120 mil, e a que está dentro de condomínio custou cerca de R$ 70 mil. “O faturamento está em torno de R$ 20 mil a R$ 25 mil por loja.”
Ele explica que os espaços das lavanderias são pensados para promover a interação entre os clientes, transformando o ambiente em um potencial local de socialização. O valor dos serviços é de R$ 29,90 para cada dez quilos de roupa. “O tempo total de utilização é de aproximadamente uma hora entre lavagem e secagem. Considerando um ciclo completo, o usuário pode lavar até 10 kg de roupas, o que daria por volta de 25 peças, em média”, diz.
Zugair acredita que o negócio vai conseguir decolar amparado nos anseios das novas gerações, que “se preocupam com o planeta e são mais desapegadas de bens materiais”. Apesar disso, ele diz que o público tem sido bem heterogêneo, de diversas idades e perfis. “Temos donas de casa que têm aderido ao serviço, com alta frequência.”
Zugair sabe que o mercado já apresenta fortes concorrentes, como as redes de franquias Lavô, eLav, Maria Lavadeira e a OMO Lavanderia, ligada à Unilever. Ele aposta que a pegada sustentável da Leafy Eco será o grande chamariz. “É um segmento que oferece otimização de tempo, principalmente nas grandes metrópoles do país. Agora, chegou o momento desta praticidade se tornar uma aliada do meio ambiente” diz.
Neste momento, o empreendedor está formatando a empresa para crescer com franquias e está em negociação com uma aceleradora especializada no segmento. “Estamos estudando para não crescermos desenfreadamente e perdermos o viés sustentável, que é realmente o foco do nosso negócio, mais do que o monetário.”