Quem lê tanta notícia?

No mar do conhecimento, estamos preparando computadores para nadarem cada vez mais fundo, mas isso não significa que o ser humano tenha que ficar no raso.

Entre empresários e executivos de várias áreas – de mercados mais tradicionais até “nativos digitais” – o tema da vez é o avanço da tecnologia em marketing, comunicação, mercado editorial e como isso impacta comportamento, decisões, caminhos e entregas.

A chegada do ChatGPT (link), por exemplo, é mais um hype? Pode ser, mas não devemos desconsiderar que essa tecnologia ainda está em desenvolvimento e ela já consegue entender e ligar ideias que a colocam em um nível de QI bastante avançado.

O ponto aqui é que as áreas de comunicação e de relacionamento não devem cair no erro de nadar para a beira, principalmente quando os temas demandam ou merecem aprofundamento.

A padronização de conteúdo para redes sociais, de fato, ajuda a gerar escala.

Mas, lembro aqui de um episódio ocorrido há 10 anos, em evento para o Level-C da aviação, onde o filósofo, cientista, professor e ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro, elucidou sobre aquela comparação clássica dos “tempos da Varig” com o atendimento das aéreas atual: “havia serviço de bordo de qualidade, comida, champanhe e glamour, quando a aviação era exclusiva. A partir do momento em que os voos passaram a ser mais acessíveis e a atender a massa, os serviços precisaram ser mais padronizados para democratizar os voos em escala.”

Não é isso que as startups fazem? Gerar escala? Padronizam “tudo as a Service”.

Voltando à questão da comunicação, está havendo uma mistura entre o que é marketing e o que é editorial, apuração, informação.

Na recém-lançada obra do mestre em comunicação e mídia Paulo Henrique Ferreira (https://www.linkedin.com/in/phferreira/), “Branding Publishing e Transição Midiática”, ele divide as mídias em 3 tipos básicos:

  • Paid (paga): tem objetivo de gerar awareness e escala (anúncios, patrocinados);
  • Earned (espontânea): gera reputação, credibilidade (matérias, opiniões);
  • Owned (proprietária): autoridade, autonomia (temas de conhecimento, propriedade, dados);

A linha pode ser tênue quando se navega nas informações da internet, mas, está claro que cada um tem o seu nível de aprofundamento (A Barões, empresa do PH, tem uma matriz triângulo que mostra o quanto é possível se aprofundar mais nos temas a partir da autoridade que se têm dele, e só a owned mídia é capaz disso).

Na questão do uso da tecnologia, o ponto é não fazer aquela partida de futebol infantil: todos atrás da bola ao mesmo tempo. Há necessidade de se entender qual é o objetivo da comunicação, que tipo de mídia é o mais apropriado, como trabalhar nele.

Não estamos fazendo aqui uma ode à nostalgia. A questão está latente em todas as rodas. A founder da Noh, Ana Zucato (https://www.linkedin.com/in/anazucato/), trouxe esse tema em um post recente no Linkedin. Ela quer escrever temas mais densos, mas, “as pessoas não leem” – há uma demanda para curtas.

Já conversei o mesmo assunto com a publisher Mariana Mello (https://www.linkedin.com/in/marianamellomm/que escreve muito bem e também já ouviu para “simplificar”. E com muitos outros publishers, e com as pessoas de negócios, como dito na abertura desse texto.

Em tempos de vídeos de 15 segundos, não seria o inovador aprofundar? Nota pessoal: percebo que surgem cada vez mais pessoas trocando ideias sobre livros – muitos perfis nas redes sociais inclusive fazem “clube do livro”, com análise de obras. Lembro também quando foi lançada a saga do Harry Potter e o bem que fez em estimular a leitura para crianças.

No mercado midiático, há espaço para conteúdo mais aprofundado, sim. Com certeza, a tecnologia e as mudanças na sociedade pedem adaptações – como foi no caso das mídias e da aviação.

A IA e outras ferramentas são essenciais para as vendas e na otimização dos processos, e até para acelerar a redação. Porém, talvez, o assunto que mais tenha valor no seu negócio seja muito interessante para ser tratado apenas com a água na altura do joelho.

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