Qual é o maior desafio para a execução de uma estratégia de negócios?

Em artigo, Geraldo Eustáquio Andrade Drumond, professor associado da Fundação Dom Cabral, destrincha os papeis da estratégia, do planejamento e do projeto no bom andamento de um negócio

É importante ter clareza de que alguns dos critérios de Excelência Empresarial que impactam com muita relevância as empresas e organizações, são as Estratégias e Planos.

Algumas definições prévias podem nos ajudar a entender mais sobre isso.

  • Estratégia

Como sendo o padrão ou plano que integra as principais metas, políticas e sequência de ações de uma organização em um todo coerente, conforme James Brian Quinn

  • Planejamento estratégico

Como um método para escolher e construir o futuro de uma empresa em um ambiente de crescente turbulência e competição e ainda

  • Projeto empresarial

Como uma tecnologia de gestão que procura ordenar as ideias das pessoas da organização, de forma que se possa criar uma visão do caminho que se deve seguir, bem como os resultados que ser quer alcançar: objetivos, estratégias e resultados.

O que deve ter numa proposta de valor

O empresário deve então construir o projeto de sua empresa, visualizar aonde quer chegar e traçar os caminhos, as diretrizes e as metas para caminhar no cumprimento do propósito e da visão de sua empresa e, também, principalmente, elaborar e compartilhar esta ideologia com seus gestores, colaboradores, para que eles possam ajudá-lo a atingir os objetivos.

E uma observação importante: estratégia é para todos, ou seja, empresas de todos os portes devem desenvolver o seu pensamento estratégico e traçar os seus rumos.

Tem um papel essencial neste momento a proposta de valor que pode ser entendida como uma agregação ou conjunto de benefícios que uma empresa oferece aos seus clientes.

Uma proposta de valor deve:

  • Atender à necessidade do cliente-alvo com um produto ou serviço.
  • Identificar qual segmento específico de clientes a empresa vai focar para crescer.
  • Identificar o que os clientes de seu segmento valorizam.
  • Diferenciar a empresa de seus concorrentes.Ser sustentável.

Como conhecer bem os seus clientes?

E aí, uma pergunta: as empresas conhecem bem os seus clientes? É importante dizer e atentar para o fato de que a maioria das empresas não conhece a fundo seus clientes, e acabam criando uma proposta de valor baseada no “eu acho que”, e não no “eu sei que”.

Também é muito importante, na fase de elaboração do projeto empresarial, o propósito. Ele pode ser entendido como a definição da atuação da empresa no espaço escolhido, o que define sua razão de ser, para que ela serve, qual a justificativa de sua existência, e o posicionamento estratégico adotado, se de intimidade com o cliente, liderança em produtos ou excelência operacional.

Assim temos:

  • Propósito — qual problema resolvemos, porque existimos?
  • Proposta de valor — como resolvemos o problema;
  • Posicionamento estratégico — maneira de se destacar entre as concorrentes, criando vantagem competitiva;
  • Produto ou serviço — meio pelo qual resolvemos o problema e entregamos a proposta de valor.

E agora fazendo referência ao título do artigo, elaborado o projeto empresarial, ideologia definida, linha de visão e marcos estratégicos estabelecidos, análise dos ambientes externo e interno, proposta de valor, objetivos estratégicos, com metas, indicadores, e iniciativas elaboradas, estamos prontos para a próxima e decisiva fase do projeto empresarial: a execução.

Onde estão os desafios

Constata-se aqui uma grande dificuldade de colocar em prática o planejado e convivemos, com vários exemplos, com um número expressivo de empresas com extrema dificuldade em “dar vida” ao projeto empresarial.

E, neste sentido, vários desafios devam ser superados, tais como:

  • Elaborar um belo projeto empresarial e não ter a energia, a competência gerencial, a organização e a alocação de recursos — humanos, financeiros e materiais — suficientes para sua execução;
  • Não dispensar o tempo necessário e nem estabelecer a execução do que foi proposto como prioritário, e estar constantemente postergando o cumprimento das ações propostas, relegando o projeto empresarial a um segundo plano;
  • Não estabelecer o acompanhamento regular e sistemático do que foi proposto e do que foi efetivamente executado, em termos dos objetivos estratégicos, seus indicadores e metas, reorientando ações e projetos;
  • Não avaliar adequadamente, com ferramentas apropriadas, as razões do não cumprimento das ações propostas, sem a adoção de providências para minimizar tais “atrasos”;
  • Não atentar para outras razões de não executar o planejado: falta de compreensão dos objetivos do projeto empresarial e resistência à mudança; falta de integração entre as equipes, etc.

Como uma das premissas dos cenários dos últimos anos é de “aperto” e de dificuldades de conjuntura econômica, de mercado, ou qualquer outra dificuldade relevante, acredito que os empresários e gestores devam, ainda com maior foco e determinação, praticar três verbos: expurgar, planejar e compartilhar.

Expurgar as memórias de dificuldades, atropelos, oportunidades não exploradas e se abrir para o novo, para o aqui e agora. O que tenho que abandonar, que não me serve mais, me atrapalha, e que insisto em manter?

Quais são as perguntas a se fazer nessas horas

Que processos estão pesados, quais recursos estou desperdiçando, que talentos não estou aproveitando? E sempre se perguntar diante de um novo processo, uma nova atividade, uma nova solicitação: o que isto agrega de valor para meu cliente?

E, por outro lado, o que está acontecendo, qual a realidade do mercado em que atuo, o que meus atuais e potenciais clientes desejam, esperam? E partir para o atendimento destas necessidades com inspiração, garra e disposição.

Planejar estrategicamente a organização, redefinindo propósito, visão, valores, revitalizando as estratégias, estabelecendo metas desafiadoras, com indicadores claros de resultados, elaborar os planos de ação e fazer o acompanhamento constante e sistemático deste planejamento, revisando, adaptando, interagindo com os ambientes externo e interno à organização.

Quem somos, onde estamos, onde queremos chegar e como, quem e quando serão os responsáveis por isto?

Compartilhar então estes desafios e metas com todos os seus públicos:

  • interno, seus funcionários, colaboradores, ou como queira chamar aquelas pessoas que vivem sua empresa diariamente. Eles podem te auxiliar no atingimento de objetivos, não só trabalhando, mas sugerindo, se comprometendo, e para isto é importante que sejam pessoas capacitadas, motivadas e integradas;
  • externo, seus clientes, principalmente, que sendo envolvidos, vão se alinhar com você e serem beneficiados por um produto e ou serviço de melhor qualidade, de valores mais competitivos em função da maior produtividade que se constata quando você expurga, planeja e compartilha. Outros públicos externos também devem ser envolvidos, a exemplo de seus acionistas, fornecedores e a comunidade em geral.

Por que essa discussão é importante

Pratique estes três verbos em sua organização, comece já, caso ainda não o faça!

Alerto aqui aos empresários que não demorem a se organizarem para executar o planejamento elaborado e aproveitarem as oportunidades que o mercado apresenta, pois estas condições de atratividade podem se alterar.

Nem tampouco esperem ficarem críticas as condições para elaborar e executar o seu planejamento, pois aí, a tarefa se torna mais difícil, como endividamento acima da capacidade de pagamento da empresa, concorrência predatória, desgaste da organização e outros.

O compromisso com a execução deve ser, sempre com foco no cliente, no que é valorizado por ele. Ir na direção e se apropriar e aproveitar do que existe de oportunidades em seu segmento, como gerir e desenvolver os recursos humanos.

Quais os processos para concorrer em mercados cada vez mais competitivos e onde se exige muita eficácia gerencial na obtenção de resultados?

Inovação de produtos e serviços, excelência e qualidade de atendimento a clientes, sem deixar de trabalhar, é claro, na minimização de ameaças do ambiente externo e fraquezas da organização, com foco nas oportunidades de mercado e maximização das forças no ambiente interno.

E, parafraseando, o autor Peter Drucker, devemos nos lembrar sempre que “ter uma visão voltada para o futuro é a diferença entre o sucesso e o fracasso”.

*Com informações do portal Exame

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