Carreira após os 50 anos: empreendedorismo e a reconquista da confiança

Brasil não está preparado para enfrentar o problema de uma população que envelhece mas está economicamente mais vulnerável após a pandemia

Este ano traz uma marca importante: o cenário não é mais pandêmico, mas os impactos da pandemia permanecem e seu enfrentamento se coloca diante de nós para seguirmos em frente. Um dos desafios é o aumento da vulnerabilidade econômica, especialmente da população mais velha. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) calcula que 700 mil pessoas com mais de 50 anos perderam seu emprego durante a pandemia.

O problema se agrava porque parte considerável desse grupo ainda é responsável pelo sustento de sua família. O aumento da idade mínima para a aposentadoria e da expectativa de vida contribui para esse movimento. No entanto, um estudo divulgado pela EY Brasil retrata o quanto não estamos preparados para isso: mostra que pessoas com mais de 50 anos não ultrapassam os 10% dentro das empresas; que 60% das organizações afirmam ter dificuldade de contratar pessoas a partir dessa idade; e que 80% delas nem sequer têm políticas específicas para combater o etarismo em seus processos seletivos.

A inversão da pirâmide etária, em que a proporção de pessoas mais velhas se torna maior que o número de nascimentos e dos mais jovens, é um desafio sobre o qual já estamos cientes há algum tempo. O porcentual de idosos entre os brasileiros vem crescendo consistentemente ao longo das décadas. Cálculos do IBGE indicam que em 2050 o Brasil terá cerca de 30% da população acima de 60 anos – o dobro do que temos hoje. Em países onde isso é realidade há mais tempo, como o Japão, criaram-se incentivos que beneficiam as empresas quando da inclusão dos mais velhos em seus quadros.

Por aqui, o movimento que temos visto é paralelo ao mercado formal de trabalho. O Sebrae e o Global Entrepreneurship Monitor (GEM) mostraram que, em 2021, a necessidade foi a motivação para a criação de 80% dos novos negócios de empreendedores considerados seniores. Em 2018, era a oportunidade que norteava a abertura de um negócio para a maioria dessas pessoas. Entre as características deste grupo estão ensino fundamental incompleto, idade entre 55 e 64 anos e raça preta ou parda (54% das pessoas).

Se partir para o empreendedorismo é uma solução evidente para a retomada de melhores condições econômicas e de vida do brasileiro, é também um caminho essencial para a retomada da autoestima dessas pessoas. Da capacidade de elas voltarem a se dar valor. Uma autoestima profissional elevada é empoderadora, pois possibilita o reconhecimento de habilidades e, acima de tudo, possibilita a essas pessoas voltarem a se valorizar e a confiar mais em si mesmas.

Empreendabilidade Comenta

A importância e o sentimento de necessidade de empreender com a chegada da maturidade é tema caro ao Empreendabilidade, que tem no report Empreendedores 50+ um de seus principais cases. Atrelar a experiência de vida com a ânsia pela realização profissional e o ímpeto de conquistar sonhos é o que move a paixão empreendedora de uma idealização de ter o próprio negócio depois dos 50 anos, mas é a falta de estabilidade e o complicado processo previdenciário que fazem a realidade não ser tão mágica.

As duas situações unidas, escancaram um Brasil que está envelhecendo e precisa encontrar ocupação para as pessoas que ainda estão com a chama acesa para produzir, mas já não encontram mais vagas convencionais e ainda não estão aptas à aposentadoria, burocrática e espiritualmente falando. É no empreendedorismo que essas pessoas se encontram e é o empreendedorismo que as abraça.

Com os empecilhos criados pela previdência, onde as pessoas já começam a planejar uma vida sem conseguir se aposentar, esse é um tema que ganha cada vez mais relevância. E, com o Empreededores 50+, o Empreendabilidade sempre foi casa desse debate, serviu bolo e café para que a discussão acontecesse.

*Fonte: Estadão

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