Por Ricardo Meireles
O medo da morte acompanha o ser humano a todo momento. O medo do fim da empresa, o empreendedor.
Não é algo que a pessoa fique pensando: “posso morrer agora”. Mas, a vontade de viver – e lutar pela sobrevivência – é inerente a todo ser vivo. Se o ser humano nasce, cresce, se reproduz e morre, o que ele faz no meio desse percurso é que, de fato, dá valor à sua existência. No caso de uma empresa, isso seria o equivalente aos resultados que ela traz para a sociedade.
Leia também:
- As empresas poderiam manter os profissionais mais…
- O Brasil precisa adotar o "bootstrap" - entenda o que é
- Café com Comprador lança programa de aceleração de…
A “morte” de uma companhia, no cerne da palavra, significa que ela se findou. Mas, uma das cabeças brilhantes do ecossistema de inovação no Brasil um dia me falou: “o empreendedor é aquele que tem a capacidade de sempre estar buscando a melhor forma de sua empresa sobreviver”.
Claro, há exceções. Suicídios, negligências e ressurreições – como crimes de corrupção e má-conduta que certamente dariam errado, deram, e sempre vão dar.
Mas, é certo que algumas mortes podem ser evitadas. Aqui entra o “memento mori”: a consciência e a reflexão de que o negócio pode acabar, como e o quê fazer para evitar isso.
Ter o “memento mori” é direcionar a companhia para uma morte com sentido diferente do fim, mas parecido com o de não ser mais aquela companhia que se conhecia e se transformar em outra.
Alguns casos emblemáticos de mortes empresariais poderiam ter tido outro destino se os sócios, fundadores ou os gestores tivessem tido o “memento mori”, consciência de que o negócio poderia morrer.
Esses exemplos são comumente citados para ilustrar a necessidade de inovação nas empresas. Não seria inovação apenas um elemento necessário na vida de uma companhia?
No caso da Kodak, por exemplo, – sendo bastante crítico -, não tinha uma pessoa sequer que pudesse dizer: “olha, está acontecendo isso. Se não nos atualizarmos, vamos acabar”.
Mas, olhar o futuro do passado do ponto de vista do presente é fácil. O que nos leva, de novo, à relevância de se ter consciência da morte.
Acompanhando as diversas lives e podcasts disponíveis nas redes sociais com entrevistas de grandes nomes, já ouvi de mais de um empresário que a experiência em situações de crise é muito valiosa para um empreendedor (ou founder, no caso de startups).
O cidadão nesta posição, um tomador de riscos com a vontade e a responsabilidade de fazer o negócio dar certo, tem que estar de olho no que pode ameaçar a vida da sua empresa.
Geralmente a morte empresarial não acontece de repente. Ela é lenta, quase que premeditada (de novo, não temos a pretensão de julgar histórias do passado que não tiveram um bom futuro a partir do ponto de vista do agora). Isso só significa que a empresa tem a obrigação de se transformar, inovar, mudar, se unir, se vender, para sobreviver.
Uma companhia não tem data de vencimento como o ser humano. Mas, como ele, a consciência da sua morte pode significar uma vida mais longeva e valiosa.
Ricardo Meireles – Publisher do Empreendabilidade
É consultor e estrategista de conteúdo, gestão de conhecimento e relações com stakeholders. Comunicador pela UNIFACS (2002), especializado em Estratégia e Planejamento (Miami Ad School/2017), em Economia (FGV/2018) e certificado em Branding (Insper/2018). Também é sócio-fundador da Pandora Comunicação.