Austeridade, Brasil!

Deixando um pouco de lado as manchetes dos jornais, as trend topics das redes, a polaridade política e aquela discussão fervorosa no grupo da família sobre a tia do zap manifestando em Brasília que está presa – o que é que ela estava fazendo lá mesmo? -, o que nos sobra? A vida real.

É a vida real que nos dá a sensação estranha de que a Copa emendou no final do ano, mas que aparentemente está tudo bem, afinal, “está melhor no Brasil do que em outros países”.

Sim, acreditamos que esteja. A inflação de 2022, por exemplo, fechou em 5,79%, índice mais alto do que a meta, mas, melhor do que o que poderia ser e melhor do que muitos países grandes por aí.

A verdade é que o brasileiro ainda está na ressaca da pandemia. Cansado de usar máscara, mas se pegar ônibus tem que pôr. Cansado de pedir comida no aplicativo, mas é mais prático. Cansado da tensão eleitoral, mas o novo governo mal começou. Cansado de ESG, crypto, trade, lives, BBB e desse novo normal que nunca chegou. Ou, se chegou, já está sendo. Mas não estamos percebendo ou estamos percebendo e não queremos acreditar.

Para nós do Empreendabilidade, nessa nova realidade o brasileiro está ficando mais austero. Veja nosso raciocínio:

  • A previsão do IBGE é de que o varejo tenha resultado positivo em 2022 – o acumulado até novembro foi de +1,1% e é muito difícil dezembro reverter a curva. Cristiano Santos, gerente responsável pela Pesquisa Mensal de Comércio, lembrou ao Valor Econômico em entrevista publicada nesta semana que outubro de 2020 foi um mês recorde no consumo de bens não essenciais (como vestuário, utilidades domésticas, viagens, automóveis e outros), após meses de lojas fechadas por conta do pico da pandemia;

 

  • Neste ano de 2022, o crescimento tem sido puxado por atividades ligadas a bens essenciais para o consumo das famílias, como supermercados, combustíveis e lubrificantes (a redução do ICMS ajudou nesse quesito) e produtos farmacêuticos;

 

  • O final do ano deixou a desejar: houve queda de 23% nas vendas por e-commerce na Black Friday (Nilsen), o que sinaliza estimativa de baixa para o Natal no rally de final de ano. A Copa parece não ter contribuído para animar o consumo e os números começam a aparecer. No comércio físico, a semana do Natal (18 a 24/12) teve discreto crescimento em 2022, de 0,4%, segundo o Indicador de Atividade do Comércio da Serasa Experian. Isso como resultado da inflação, que tende a apertar o consumo familiar, o que acaba gerando como consequência crescimento econômico menor e menos investimentos.

 

Mais do contexto:

 

  • Menos demanda por crédito: segundo Serasa Experian, caiu 14,8% em outubro, comparado com o ano anterior, sendo o quinto mês seguido. Nas empresas, a queda de demanda por crédito foi de 16,4%;

 

  • Endividamento segue crescendo nas empresas, sendo que em 2021 atingiu patamar recorde de 57,9% (e não está ficando mais barato pagar), dado também da Serasa Experian;

 

  • Nas famílias, a inadimplência alcançou novo recorde em outubro/22, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), chegando a 30,3%. Foi o quarto mês seguido de crescimento neste indicador;

 

O ponto especificamente é que temos um governo eleito que pretende estimular o consumo para o crescimento econômico. Mas, não estamos no mesmo Brasil de 20 anos atrás.

Acreditamos que o brasileiro está se acostumando a gastar menos e não de forma desenfreada, o que seria um avanço e tanto.

Trazendo para nosso território, temos que lembrar que o empreendedorismo é a força motora da economia. É do pensamento empreendedor que surge a produção, comércio e geração de empregos, é a vontade de crescer que estimula a inovação. E mais: o empreendedorismo está dando certo no Brasil.

Por ano, são abertos cerca de 4 milhões de CNPJs no Brasil, fecham aproximadamente 1,5 milhões. 91% delas são individuais e microempresas, 8% são pequenas e médias.

O empreendedor, além de tudo, também parece estar se tornando mais racional, característica mais necessária para empreender.

No que acreditamos, e o que pedimos aos empreendedores:

 

  1. Um comportamento mais austero: menos gastos com ferramentas de marketing e publicidade (ouvimos constantemente as queixas de que o tempo gasto nas redes sociais não se converte em resultados) e mais ação direta;
  2. Viu um problema? Resolva o quanto antes;
  3. Entenda quais são suas prioridades (e nunca mais você terá que se preocupar com elas ou com outra coisa);
  4. O que deixa sua empresa forte é o que ela faz de melhor – entregue isso;
  5. Evite os atalhos: um corte de caminho por aqui pode lhe render um custo desnecessário à diante;
  6. Principalmente para os “pequenos grandes” e os entrantes no middle market: entenda o ambiente de negócios: conheça os gastos, os impostos e para onde vão, as questões que impactam seu negócio diretamente;

Assim começamos o ano.

Assine nossa newsletter e fique por dentro de todas as notícias

Ao assinar a newsletter, declaro que conheço a Política de Privacidade e autorizo a utilização das minhas informações.

Obrigado!

Você passará a receber nossos conteúdos em sua caixa de e-mail.