O conceito de empreendedorismo por necessidade se dá quando uma pessoa física passa por um problema financeiro e não tem fonte de renda para garantir o seu sustento ou de sua família. Sem trabalho, encontra no empreendedorismo uma alternativa para arcar com os custos prioritários.
Em um cenário de recuperação pós-pandemia, este é o segundo ano consecutivo que a porcentagem de empreendedores iniciais por necessidade cai, segundo o levantamento da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2022), que no Brasil é realizada em parceria com o Sebrae e foi divulgada nesta terça-feira, 9 de abril.
Aumenta o número de empreendedores estabelecidos
O estudo também aponta que a qualidade do empreendedorismo brasileiro apresentou uma melhora no último ano. A taxa de empreendedorismo dos negócios estabelecidos, aqueles que possuem mais de 3,5 anos de existência, teve um ligeiro incremento de 0,5%, passando de 9,9% em 2021 para 10,4%, no ano passado.
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“Esse resultado demonstra um arrefecimento na crise, uma retomada da economia e uma melhoria na gestão dos negócios. Em 2020 essa taxa levou uma grande queda por causa da pandemia e caiu de 16,2%, em 2019, para 8,7% e desde o ano retrasado ela já demonstra sinais de recuperação”, pontua o presidente do Sebrae, Décio Lima.
Essa taxa manteve o Brasil na sétima posição, especificamente quanto à taxa de Empreendedores Estabelecidos, em relação aos outros países que participaram da pesquisa. Na frente estão Coréia do Sul, Togo, Grécia, Letônia, Guatemala e Irã.
Mesmo com a taxa de empreendedorismo estabelecido da população brasileira ter apresentado esse incremento, a taxa geral apresentou uma leve queda de 0,1 ponto percentual e atingiu o menor nível nos últimos 10 anos ficando em 30,3%. Esse resultado é explicado pela redução na taxa de empreendedores iniciais, aqueles com até 3,5 anos de negócio, que caiu de 21%, em 2021 para 20%, em 2022. “Menos pessoas iniciaram um negócio novo e uma parte migrou para a posição de estabelecidos”, observa Décio.
Sonho de empreender ultrapassa ter carro e casa
Empreender é o segundo maior sonho do País, ficando atrás apenas de viajar, e está à frente de metas como ter uma casa própria ou um carro, diz o estudo.
O levantamento, que é o principal no segmento de empreendedorismo no mundo, mapeou 51 países e coletou dados entre junho e agosto de 2022. No Brasil, foram entrevistados 2 mil adultos e 51 especialistas no tema.
O sonho de ter o próprio negócio saiu de terceiro mais citado, com 46% das respostas na última pesquisa, em 2021, para a segunda posição, com 60%. É a maior porcentagem de respostas desde o início da pesquisa, em 2012.
Segundo a GEM, 42 milhões de pessoas adultas (com 18 a 64 anos) já tinham um negócio – formal ou informal – e/ou que fizeram alguma ação, em 2022, visando ter um negócio no futuro e outros 51 milhões não têm empreendimento, mas gostaria de ter um em até 3 anos.
“Isso comprova o espírito empreendedor brasileiro, o interesse crescente pelo negócio próprio e mostra o quanto é importante que sejam criadas políticas públicas que incentivem o empreendedorismo, que vão desde a educação empreendedora até a legislação”, afirma o presidente do Sebrae, Décio Lima.
Esses números apontam um crescimento do interesse pelo empreendedorismo no Brasil nos últimos anos. A taxa de empreendedores potenciais, que não possuem negócio próprio deseja tê-lo em breve se manteve em 53% da população adulta.
O Brasil apresenta a 2ª maior Taxa de Empreendedorismo potencial, praticamente empatado percentualmente com o Panamá, porém com expressividade muito maior em números totais – enquanto o Brasil possui mais de 210 milhões de habitantes, a população panamenha é de 4.3 milhões.
Pesquisa GEM
A Pesquisa GEM é considerada a principal pesquisa sobre empreendedorismo no mundo. Realizada anualmente há 23 anos, já participaram mais de 110 países, o que representa mais de 95% do PIB mundial. No Brasil, em 2022, foram entrevistados 2 mil adultos e 52 especialistas. Os dados foram coletados entre junho e agosto de 2022. O Brasil é um dos poucos países que participou de todas as edições.