Pequenos empreendedores podem exportar? Segundo levantamento realizado pela secretaria de comércio exterior (Secex) do Governo Federal em parceria com o SEBRAE, quase 41% dos exportadores nacionais são microempreendedores individuais e Micro e Pequenas Empresas.
Entre os anos de 2008 e 2022, a quantidade de pequenos negócios exportadores cresceu três vezes mais do que as médias e grandes empresas que vendem seus produtos e serviços para o exterior.
Em entrevista para o podcast da agência Sebrae de notícias, Gustavo Reis, analista do Sebrae Nacional explica como a exportação pode ser um caminho interessante para o crescimento de negócios das MPEs.
1. Apesar de os números de pequenos negócios que atuam no comércio exterior ser alto, o volume de exportações é relativamente baixo. Pode explicar porque isso acontece?
Gustavo Reis: Apesar de esse número de exportação das MPEs ser alto no contexto do comércio exterior, o valor baixo mostra uma necessidade de agregar mais valor às exportações. Então, aquele produto, aquele serviço, que consiga entregar um valor maior para o cliente, de repente uma tecnologia, um produto que resolve algum problema, alimento que vem com um diferencial, isso agrega valor, o Empresário passa a ganhar mais em cima daquele produto, ele começa a ampliar o seu mercado e ficar mais competitivo. Existe, sim, uma necessidade ainda de melhorar essa performance. É um desafio de médio e longo prazo, que o Sebrae, junto com outros parceiros, vem desenvolvendo para que a cultura exportadora faça parte do cotidiano do empresariado brasileiro.
2. Qual é a importância da participação dos pequenos negócios no mercado externo a importância da participação do pequeno negócio no mercado externo?
GR: O primeiro passo é desmistificar o comércio exterior, para que outros empresários olhem para esse número e vejam que isso não é coisa só de grandes empresas, para commodities. Pequenos negócios e empresas de menor porte, que tenham produtos e serviços que são diferenciados, podem acessar esse mercado internacional. Isso pode acontecer através de uma exportação direta, como é o caso desses números apresentados, ou através de exportações indiretas, por trades comerciais, exportadoras, o exporta fácil… O número mostra que esse empresário vem mudando a mentalidade.
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3. Quais são os principais desafios enfrentados pelos pequenos negócios no comércio exterior? Qual é a melhor forma de superá-los?
GR: O principal desafio do pequeno negócio no comércio exterior, no caso na exportação, é posicionar o seu produto ou seu serviço da melhor maneira possível, uma vez que ele está exposto a uma concorrência maior. Então, vai ser super importante ele comunicar de forma adequada com seu cliente com seu mercado, achar bons parceiros comerciais, identificar melhores pontos de venda e melhores estratégias de inserção nesse mercado internacional.
Os desafios são vários, mas isso não quer dizer que seja impossível. Existem processos manuais, formas de você conseguir acessar essas informações para que esse processo seja feito de forma sustentável.
4. O que é possível ser feito para que a participação dos pequenos negócios no comércio exterior possa avançar ainda mais?
GR: O Brasil tem um desafio de inserir mais pequenos negócios na balança do Comércio Exterior. Mas, não só pequenos. Quando a gente olha a totalidade de empresas existentes no Brasil – que já passaram dos 15 milhões, em torno de quase 20 milhões de empresas – e você tem apenas 30 mil empresas exportadoras, isso é um desafio País, não só dos pequenos negócios. Então, o desafio passa a ser como é que a gente consegue criar regras que sejam mais fáceis, mais entendíveis, que não atrapalhem essa competitividade empresarial. Legislações que consigam chegar a todo tipo de empresa, todo porte. Financiamentos, porque a questão da exportação traz o desafio de deixar seu produto, seu serviço, seus processos, mais inovadores para chegar nesse mercado internacional de forma mais competitiva. Há a questão de baratear a logística, seja nos modais aéreo, terrestre ou naval. Como é que a gente consegue colocar mais pequenas empresas para que acessem de forma mais saudável, mais sustentável, os tipos de serviço às questões internacionais.
O Brasil vem no movimento forte, com várias instituições trabalhando de forma conjunta e coordenada para que a gente consiga ultrapassar esse desafios. É o caso do próprio Sebrae, trabalhando junto com CNI, com Apex, com o governo federal, que vem construindo estratégias para que esse processo seja possível de ser atingido, de ser feito por pequenos negócios.
Fonte: Agência Sebrae de Notícias