Neste sábado (19) é comemorado o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino. A data foi criada pela ONU (Organização das Nações Unidas) com o objetivo de evidenciar e valorizar o protagonismo feminino no mercado empresarial.
O fato é que o ambiente empreendedor ainda impõe diferentes desafios para as mulheres em relação aos homens: poucas lideranças femininas; diferença de remuneração salarial; jornada tripla e pouco incentivo e investimento das instituições.
Estudo reafirma a diferença
Segundo o estudo “Aceleradoras como Líderes da Equidade de Gênero”, organizado pelo Impact Hub e pela INCAE Business School, esse déficit de profissionais mulheres na área de tecnologia, por exemplo, é refletido nos programas de aceleração de startups, já que muitos investidores estão menos propensos a apoiar empresas tradicionais que, segundo o levantamento, é onde a maioria das mulheres empreendedoras se encontra.
Apesar disso tudo, a presença feminina é marcante em todos os tipos de empreendedorismo, do mais tradicional ao mais inovador. É exatamente o que aponta Gabriela Werne, CEO do Impact Hub Floripa.
“No Impact Hub Floripa, lidamos com negócios tradicionais, por meio da Chamada de Impacto, por exemplo, e com iniciativas mais inovadoras, como o InovAtiva de Impacto, que coexecutamos juntamente a Fundação Certi. Em todos os espectros, o público feminino se destaca. Na Chamada, 70% do público atendido são mulheres. Se elas têm uma força empreendedora tão forte, programas de aceleração precisam prestar atenção ao que esse público tem a ensinar e, principalmente, a aprender”, afirma a CEO.
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Acompanhe cinco histórias de mulheres que venceram no ambiente masculino do empreendedorismo de tecnologia.
Uma edtech focada no ensino de idiomas para empresas
Nascida em Paris, Alexandrine Brami iniciou sua jornada empreendedora em 2007, depois de cinco anos residindo no Brasil e uma carreira universitária dedicada às ciências políticas. Hoje, com 45 anos, está à frente da Lingopass, edtech focada no ensino de idiomas para empresas.
Estudo reafirma a diferença
Segundo o estudo “Aceleradoras como Líderes da Equidade de Gênero”, organizado pelo Impact Hub e pela INCAE Business School, esse déficit de profissionais mulheres na área de tecnologia, por exemplo, é refletido nos programas de aceleração de startups, já que muitos investidores estão menos propensos a apoiar empresas tradicionais que, segundo o levantamento, é onde a maioria das mulheres empreendedoras se encontra.
Apesar disso tudo, a presença feminina é marcante em todos os tipos de empreendedorismo, do mais tradicional ao mais inovador. É exatamente o que aponta Gabriela Werne, CEO do Impact Hub Floripa.
“No Impact Hub Floripa, lidamos com negócios tradicionais, por meio da Chamada de Impacto, por exemplo, e com iniciativas mais inovadoras, como o InovAtiva de Impacto, que coexecutamos juntamente a Fundação Certi. Em todos os espectros, o público feminino se destaca. Na Chamada, 70% do público atendido são mulheres. Se elas têm uma força empreendedora tão forte, programas de aceleração precisam prestar atenção ao que esse público tem a ensinar e, principalmente, a aprender”, afirma a CEO.
Acompanhe cinco histórias de mulheres que venceram no ambiente masculino do empreendedorismo de tecnologia.
Uma edtech focada no ensino de idiomas para empresas
Nascida em Paris, Alexandrine Brami iniciou sua jornada empreendedora em 2007, depois de cinco anos residindo no Brasil e uma carreira universitária dedicada às ciências políticas. Hoje, com 45 anos, está à frente da Lingopass, edtech focada no ensino de idiomas para empresas.
Em 2002, Brami já se dedicava a um doutorado na Sciences Po, o prestigioso instituto de Paris que formou os últimos dois presidentes da França, e tinha um currículo como acadêmica em diferentes universidades francesas. Em 2007, fundou o Ifesp, uma escola de francês e português para estrangeiros na Faria Lima que treinou mais de 25 mil alunos. Junto a outra sócia, foi responsável por toda a criação, estruturação e consolidação da empresa, financiada por bootstrapping.
Com o crescimento do interesse do público no ensino online, pivotou o negócio, se voltando para os clientes corporativos de forma integral — dando início à Lingopass.
“Optei por trilhar uma carreira empreendedora na área de educação, onde tinha expertise e experiência bem sucedida. Naquela época, o empreendedorismo no Brasil estava longe de chamar tanta atenção como hoje. Enfrentávamos muito mais dificuldades para tirar do papel um negócio”, relembra.
“Não sabia que levaria 14 anos para sair do modo ‘sobrevivência’ e não pensava nos sacrifícios que deveria fazer. Se soubesse, talvez não teria continuado. Minha vida como doutoranda na França era muito confortável, mas no fundo, acho que minha alma sempre foi empreendedora”, diz Brami, por entender que sempre compartilhou de características comuns aos empreendedores de forma natural, desde a infância.
Uma mulher no canteiro de obras
A engenheira civil Paula Lunardelli é uma das mulheres que estão à frente da inovação em um mercado majoritariamente masculino. A co-fundadora e CEO da startup Prevision, plataforma líder mundial em planejamento lean de obras, fundou a plataforma em 2017, junto aos três sócios, depois de perceber que, para a área ganhar sustentabilidade, era preciso investir em planejamento.
Em 2019, tomou posse como diretora da Vertical Construtech da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), assumindo o cargo de vice-presidente de ecossistema da organização este ano.
Hoje, contam com um time de 100 pessoas, 2,5 mil projetos em mais de 100 cidades do país, mas a trajetória não foi sempre marcada por conquistas. Enfrentou a primeira crise da empresa um ano depois de iniciar as operações. Ao longo de 2018, a empresa seguia apenas com os recursos dos sócios.
“Estávamos com 27 clientes, mas mesmo assim precisei vender meu apartamento. Fomos dessa forma até o final do ano, achei que não daria mais conta”, compartilha a empreendedora.
Presença feminina com sotaque francês
Cientista e PhD em Farmácia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Betina Zenetti Ramos considera determinante a trajetória como pesquisadora para o sucesso como empreendedora. Betina iniciou a carreira na academia, especializou-se e estudou em entidades como a Université Bordeaux, na França, e tornou-se referência em pesquisa sobre nanotecnologia no Brasil. Hoje, é diretora do Grupo Temático Mulheres Acate, onde atua como incentivadora da presença feminina no setor de tecnologia.
Muito antes, em 2008, fundou em Florianópolis a Nanovetores Tecnologia, empresa que desenvolve ingredientes ativos nano e microencapsulados para o setor cosmético e têxtil e exporta seus produtos para mais de 40 países.
Betina é responsável ainda por ter desenvolvido uma tecnologia 100% nacional de encapsulamento de ativos como óleos, vitaminas e repelentes naturais, em partículas que os protege, aumentando significativamente seus resultados e eficácia.
“Percebi que o que eu estudava poderia virar um negócio e deu certo. Fomos pioneiros no Brasil em usar essa tecnologia de forma sustentável e hoje competimos de igual para igual com empresas do exterior”, explica ela.
“Temos que ocupar espaços que muitas vezes não são acolhedores ou onde somos a única mulher presente na mesa. Ainda assim, precisamos conquistar essas posições para nos fazermos presentes para que a representatividade de fato aconteça”, afirma a empresária.
Empreededorismo que vem de família
O empreendedorismo está na veia da família da psicóloga Michelly Dellecave. Filha de pai e mãe micro-empresários, desde muito nova começou a ajudar na rotina deles e correr atrás da própria independência.
“Eu era aquela colega da turma que sempre dá um jeito de fazer um dinheirinho: oferecia aulas particulares para os colegas de classe da minha irmã, fazia colares e pulseiras de miçangas para vender para as amigas e fui vendedora de uma linha de cosméticos. Depois de formada, com mestrado concluído, comecei a empreender de verdade, iniciando uma consultoria de RH”, conta ela.
Depois, junto a Elizabeth Navas e mais três sócios, co-fundou a Pulses, startup que tem soluções de clima organizacional, engajamento e performance medidos de forma contínua.
Beth Navas tem uma história fora da curva: hoje com 67 anos, passou 35 anos atuando na área de Gestão de Pessoas (onde iniciou sua carreira) e como docente, orientadora e pesquisadora nos cursos de graduação, especialização e mestrado na universidade, até começar a planejar sua aposentadoria. Contudo, o objetivo não era parar de trabalhar, e sim empreender. Aos 55 anos, fundou junto ao filho a Ágora Gestão de Pessoas, consultoria voltada para realização de treinamentos comportamentais. O negócio evoluiu, e em 2016, ela e os sócios criaram a Pulses.
Hoje, atua como especialista no time de People Science e conta que é a primeira vez que está satisfeita plenamente em um cargo: “Tem muita coisa para aprender, muita inovação em termos de engajamento, clima organizacional, cultura, jornada do colaborador, e é onde quero continuar atuando”.
Empregabilidade feminina com impacto social
Se Candidate, Mulher! é HRtech focada em empregabilidade feminina e impacto social, que nasceu em 2020 a partir das experiências pessoais da fundadora Jhenyffer Coutinho ― que já teve passagens como Assistente de Negócios no Sebrae Minas e Gerente de Gente e Gestão na Associação Brasileira de Startups (ABStartups).
Com uma infância marcada pela dedicação aos estudos, foi durante um workshop de liderança feminina que ouviu que a maioria das mulheres não se candidata a uma vaga de emprego ou a uma promoção quando não conta com todos os pré-requisitos para a posição — já os homens, se candidatam mesmo tendo até 60% deles. Somando-se ao cenário de 8,5 milhões de mulheres que estiveram desempregadas durante a pandemia (2 milhões a mais que o sexo oposto), decidiu criar a plataforma, que prepara mulheres para processos seletivos.
“Cheguei muito perto de ter um colapso por conta de trabalhar quase 24 horas por dia, liderar e ter que dar a cara a bater num ecossistema que é predominantemente masculino”, diz Jhenyffer sobre sua jornada profissional.
Desde que criou a empresa do zero enquanto intercalava seus estudos e trabalho em casa de família em Nova York, nos Estados Unidos, a fundadora teve inúmeras conquistas: recebeu investimento de R$ 1,2 milhões; entrou pelo terceiro ano consecutivo no Top 10 da categoria de Impacto Social do Startup Awards Brasil; passou a ter duas mulheres em novos empregos ou promovidas diariamente; mais de 15 mil participantes em eventos, 700 mil pessoas alcançadas por mês.
Com reportagem do Portal Terra | Dinheiro em Dia