Dia Internacional do Orgulho: empreender é oportunidade para LGBTs

Comunidade enxerga no empreendedorismo chance de se afirmar socialmente e quebrar paradigmas

28 de julho é considerado como o Dia Internacional do Orgulho LGBT+, data que celebra o sentimento de pertencimento e espírito da comunidade. Sendo constantemente desafiadas e marginalizadas, no cotidiano e, consequentemente, no mercado de trabalho, pessoas LGBTs veem no empreendedorismo uma oportunidade de se reafirmar e conquistar independência financeira.

Muitos enfrentam desde cedo situações de preconceito, inclusive dentro da própria casa, fazendo com que não sejam acolhidos pela família e acabem saindo ou até mesmo sendo expulsos de casa. Tais condições fazem com que, por exemplo, 90% dos transexuais e travestis sobrevivam através da prostituição, um panorama de trabalho marginalizado que o empreendedorismo tem a chave da mudança.

Negligenciados dentro de casa e no mercado de trabalho, o empreendedorismo acolhe. Segundo uma pesquisa da Nhaí, de 2022, 39% dos LGBTs acreditam que ser da comunidade é oportunidade de mudar de vida, sendo impulsionados justamente pelo ímpeto de provar o seu valor para a sociedade, assumir sua identidade e quebrar estereótipos.

“Para a comunidade LGBTQIAPN+, o empreendedorismo tem, muitas vezes, um caráter de sobrevivência, já que é muito comum essa população não ser absorvida no mercado de trabalho e depender da criação de um negócio próprio para sobreviver. Em geral, precisamos ver a oportunidade em meio ao problema e, a partir disso, temos chances de crescer e prosperar”, afirma Raquel Virgínia, CEO e fundadora da Nhaí!, agência que atua ao lado de marcas com o objetivo de contribuir para expandir o pilar da diversidade.

O engajamento e voz das grandes marcas e influenciadores ‘do vale’ também são aliados fundamentais: 35% tiveram o insight de abrir seus negócios em função de marcas engajadas. 56% se inspiram em pessoas, produtos e serviços que chamam sua atenção. 26% se inspiram em outros empreendedores e influenciadores que fazem parte da comunidade.

A identificação é um aspecto importante no processo de aceitação, tão inerente à comunidade, desde o nascimento. Na vida profissional, se reconhecer é mais uma barreira a ser deixada para trás. “Costumo dizer que temos muitos desafios e dificuldades para empreender, mas destaco três como principais. A primeira é nos reconhecer como pessoas que empreendem, tomando para si a autoestima necessária para integrar o ramo empresarial. A segunda é conseguir apoio para construir um plano de ação bem fundamentado. E a terceira é o investimento, seja próprio ou por captação. Driblar essas dificuldades são desafios diários que pessoas LGBTs enfrentam de forma mais intensificada”, completa Raquel.

Capacitação e paixão também são guias importantes do cenário do empreendedorismo LGBT: os empreendedores da comunidade escolhem seus ramos de atuação principalmente pelo que mais gostam de fazer. Foi o caso de 32%. Apenas 10% escolhem a área por perceberem carência do mercado e 21% pesquisam nas redes nichos de sucesso. 62% das pessoas entrevistadas veem o estudo como fundamental para estarem mais bem preparados para o mercado.

Na visão de Raquel, o futuro é promissor para LGBTs empreendedores e as redes de apoio são fundamentais para fomentar uma maior participação da comunidade no comando de negócios próprios. “Eu acredito em um cenário mais estruturado para a comunidade nos próximos anos, e esse é um dos focos de atuação da Nhaí: apoiar empreendedores LGBTQIAPN+ para que façam conexões relevantes para os negócios, consigam se instrumentalizar e crescer. Uma das nossas frentes de apoio é a plataforma digital chamada “Contaí Comunidade”, que se propõe a ser sede desses negócios em um ambiente virtual e dispõe de ferramentas muito relevantes para atingir esses objetivos, como vídeos, debates e trocas de experiências com profissionais que são referências no mercado”, finaliza.

Empreender é um desafio e não é uma tarefa simples para ninguém. Porém, é uma montanha ainda maior a se escalar quando se vive à margem da sociedade e é forçado a encarar diariamente o preconceito. O cenário de empreendedorismo LGBT se mostra almo e com lacunas a serem preenchidas, uma chance de mudar de vida, se reafirmar e realizar sonhos.

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