O nível de endividamento das empresas brasileiras atingiu um número recorde no fechamento de 2021, registrando 57,9%, aponta Estudo feito pela Serasa Experian.
Esse foi o maior resultado desde 2008, início da série histórica do estudo, e, desde 2019, o nível de endividamento veio aumentando. Em 2020, marcou 48,1%.
Para o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, no ano passado, em que a instabilidade econômica perdurou e as empresas estavam financeiramente fragilizadas por causa da pandemia, dois fatores específicos estimularam o endividamento dos donos de negócios no país. “Durante a maior parte de 2021 as taxas de juros eram historicamente baixas, enquanto a oferta de crédito estava em alta, inclusive de linhas como o Pronampe, que foram subsidiadas pelo governo. A combinação desses dois elementos aumentou a impulsionou a busca dos empreendedores por crédito, expandindo o endividamento”.
Outro fator que explica a expansão do endividamento é que, durante a pandemia, muitas empresas tiveram que se reinventar, investindo pesadamente em tecnologias, logísticas e ferramentas/soluções para operarem em canais remotos de atendimento e operação. E, ao invés de consumirem caixa para realizar estes investimentos, uma saída foi aproveitar a configuração favorável do mercado de crédito e financiar tais investimentos.
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Análise setorial
Ainda sobre o fechamento de 2021, a análise setorial mostrou que o resultado geral (57,9%) foi impulsionado por todos os macro segmentos (Primário, Comércio, Indústria e Serviços), que também tiveram níveis recordes de endividamento dentro da série histórica do estudo, iniciada em 2008. Na comparação entre o ano passado e 2020, os aumentos mais expressivos identificados foram para o Comércio e Serviços, ambos com expansões de mais de 10 pontos percentuais.
Dentre todos os macro segmentos e as áreas que estão contempladas dentro de cada um deles, as empresas de Energia Elétrica, que pertencem ao setor de Serviços, foram as únicas a marcarem queda do endividamento na comparação ano a ano (2020 x 2021), indo de 53,3% para 50,9%.
O estudo inédito da Serasa Experian avaliou cerca de 58 mil demonstrativos financeiros das empresas dos setores primário, industrial, comercial e de serviços da economia brasileira referentes a 2021. Veja na tabela abaixo os dados completos da evolução do endividamento:
Metodologia
O estudo contemplou as informações constantes das demonstrações financeiras presentes em cerca de 1 milhão balanços patrimoniais coletados ao longo do período de dezembro de 2008 a dezembro de 2021 (58 mil somente neste último ano) e que integram a base de dados da Serasa Experian. Através destas informações calculou-se, para cada empresa, em cada ano, a estatística de participação do crédito mercantil sobre os créditos totais. O valor do percentual de crédito mercantil para cada segmento/setor corresponde à mediana da distribuição dessas estatísticas das empresas que integram cada segmento/setor.