O evento consolida a startup Nhaí como uma agência de ideias para inovação dentro da pauta de diversidade e inclusão
Nhaí é um nome que vem de “E aí?”, que, por sua vez, significa “Chegamos!”, “Estamos aqui!”. Esse é o propósito dessa agência de ideias voltada à inovação a partir da diversidade: fomentar o encontro da comunidade LGBTQIAP+ para que ela inspire uns aos outros e inspire a sociedade. O objetivo é chamar a atenção de todos, com alguma leveza e humor– daí o nome tão sonoro – para a importância de desenvolver uma nova forma de olhar o que é diversidade.
Fundada por Raquel Virgínia, CEO da empresa, no segundo semestre de 2021, a Nhaí tem o compromisso de trabalhar esse pilar para unir a comunidade e para jogar luz nela de maneira que empresas e a sociedade entendam e reconheçam o valor da inclusão.
Nesse sentido, Raquel Virgínia é incansável quando se trata de criar projetos. “Venho de uma família que sempre empreendeu e, várias vezes, faliu. Eu mesma tive uma banda chamada As Baías, e ocupava uma posição também de empreendedora, já que cuidava da estratégia e do tático, e adorava desenvolver projetos para trazer as marcas para nós. Foi quando comecei a identificar o mercado e a pensar que poderia trabalhar além da banda”, conta Virgínia. Mais: ela diz que resolveu contribuir de forma mais efetiva para a causa LGBTQIAP+: “Cada vez falo menos o que acho do projeto dos outros e trabalho mais para montar projetos dentro do que acredito”, afirma.
Gente que faz
São muitos projetos, todos viabilizados pelas marcas. A Nhaí tanto desenvolve os próprios, patrocinados, quanto aqueles feitos em parceria com os departamentos de publicidade e marketing dos clientes. “Sempre digo que não somos uma consultoria, mas uma empresa de inovação e tecnologia para quem busca construção e implementação de um projeto. A gente funciona como uma agência de ideias que viram storydoing, não fazemos storytelling”, conta Virgínia. É dessa forma que a Nhaí atua com parceiros como Amstel, Avon, Santander, Pepsico (Doritos) e Coca-Cola Brasil (Sprite).
Com projetos proprietários, a diversitech anda bem ocupada com projetos, como a semana digital sobre empreendedorismo LGBTQIAP+, que acontece de 12 a 19 de junho, dentro da plataforma Contaí. Esse programa foi lançado em abril e está operando em beta. “O evento vai estrear na fase mais pulsante da Contaí, que é uma rede social que conecta empreendedores da comunidade. Nesse ambiente, há lives, vídeos, e eles trocam experiências, se fortalecem, criam novas narrativas, e também fazem negócios entre si e com empresas”, conta Virgínia.
Segundo a CEO, a semana digital vai ser mais uma oportunidade para a comunidade se tornar mais robusta. “Teremos a participação de personalidades de destaque dentro do empreendedorismo LGBT e isso será muito inspirador”, conta ela.
Lugar de aceitação
Além da Contaí, a Nhaí toca o projeto Marsha Shopping, dentro do metaverso. O nome é uma homenagem a Marsha P. Johnson, mulher trans e ativista norte-americana. A ideia é dar visibilidade a pessoas da comunidade que empreendem na área da moda. “Elas enfrentam uma enorme dificuldade para ter acesso a pontos físicos, então, pensamos que seria perfeito terem lojas dentro desse ambiente virtual”, diz Raquel Virgínia. A empreendedora afirma que o shopping conta com alguns empreendedores, e o plano é expandir no segundo semestre deste ano e, mais fortemente, em 2024.
Outro projeto interessante que deve estrear no segundo semestre tem como fio condutor o bem-estar de pessoas fora do dito “padrão”. “Vamos levar gordos, anãos, LGBTQIAP+, indígenas… para que elas passem um dia se divertindo, tendo acesso a bem-estar e mudando o paradigma em relação ao próprio corpo”, conta Virgínia.
Estabilizar para crescer
Ideias e projetos não faltam à Nhaí. O momento é de expansão. A empresa ainda é jovem e, se numa primeira etapa viveu o processo de descobrir o que era de fato e qual sua conexão com o mercado, agora é hora de focar e colher (mais) frutos. “Nos fortalecemos internamente e hoje buscamos cada vez mais gerar impacto com nossa assinatura que são inovação, leveza e humor. E sempre pensando no legado que o projeto vai deixar”, afirma Virgínia.
Ela conta que o mercado está assimilando isso. “Venho sendo muito mais procurada para trabalhos longos e não apenas para pensar em algo para junho [mês em que se comemora o orgulho LGBT+]. É um avanço, sinal de que o mercado vem evoluindo, uma conquista da Nhaí e também dos movimentos sociais que pontuam a relevância de falar sobre diversidade e inclusão o ano inteiro”, diz.
Para dar conta da demanda, Raquel Virgínia afirma que o próximo passo é conseguir investimentos – bancário ou de investidores. “Para isso, estamos atuando para deixar a empresa o mais estável possível, porque, sem isso, não nos dão crédito. Estamos em um bom caminho, a Nhaí ainda é nova e nossa história está em construção. Faturamos R$ 3 milhões até abril, e no ano passado o faturamento foi de R$ 1,8 milhão. Estamos indo bem”, conclui.
Participar do Mais Diversas to Watch, programa realizado por Pequenas Empresas & Grandes Negócios que oferece ciclos de mentoria a empresas que promovem diversidade no cenário nacional de tecnologia e inovação, segundo Raquel Virgínia, veio em um momento oportuno, porque eles precisam de um olhar de fora para pensar se fortalecer enquanto marca.
“Aquela expressão ‘você não se enxerga?’ é verdadeira. Muitas vezes, quando estamos imersos no dia a dia, temos dificuldade para notar determinadas coisas. Por isso, tem sido enriquecedor ouvir as observações durante as mentorias”, conta. Um dos pontos que pretende trabalhar com os mentores tem a ver com RH. Ela conta que sente dificuldade em atuar com as seis pessoas com quem trabalha diretamente e os mais de 40 colaboradores de pelo menos cinco empresas terceirizadas que são suas parceiras. “Uma equipe unida, claro, tende a performar melhor. E isso será ótimo para a Nhaí”, diz Virgínia.