Quase sempre que se fala de empreendedorismo, vem ao pensamento a empresa própria e a jornada solitária. Mas, o mindset empreendedor também pode estar presente naqueles que se reinventam dentro da companhia para a qual trabalham.
Um exemplo é a carreira de Rodolfo Eschenbach, CEO da Accenture para o Brasil e a América Latina. Em entrevista para o podcast CBN Professional, realizado pela emissora em parceria com o Valor Econômico, ele fala da sua carreira de quase 30 anos na companhia e de como a consultoria faz para se manter atualizada.
“É como se eu tivesse mudado de emprego umas seis vezes, mas sem sair da empresa. Sempre estive em busca de oportunidades dentro da organização. Em algumas, pedi para participar; em outras, me convidaram”, explica.
Na Accenture desde 1994, ele ingressou na consultoria como consultor, foi gerente, gerente sênior, diretor líder de estratégia e assumiu a cadeira de CEO em setembro de 2022. Embora a carreira estivesse em curva ascendente, ele não se limitou a “pular” de um cargo para outro: era atraído pela realização de grandes tarefas. “Desde o início, eu já gostava de desafios, de tocar e entregar projetos para os clientes”, lembra o executivo, engenheiro de formação. “Aprendi a me divertir no trabalho.”
Dos desafios de Eschenbach na Accenture, a maioria está ligada ao campo da inovação. Um dos mais relevantes, segundo ele, foi montar o “business” de digital na corporação, uma jornada cujo arranque inicial durou seis anos.
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“Há mais de dez anos, quando começaram as primeiras discussões sobre a transformação digital dos negócios, pedi para ser o executivo responsável pelo setor na empresa”, diz. “Sempre fui da área de consultoria, focado mais em supply chain e transformação organizacional, mas o meu diferencial era descobrir como usar a tecnologia para alavancar os negócios dos clientes.”
Nessa jornada empreendedora – apesar de ser funcionário da empresa, Eschenbach manteve o olhar para a antecipação de desafios e a busca por caminhos para a solução -, o executivo teve de abrir novas frentes de recrutamento de talentos para apoiar a oferta de serviços digitais da marca. “Compramos empresas do segmento e trouxemos profissionais bem diferentes daqueles que já tínhamos”, afirma. “Foi importante convencer as áreas que, além de consultores de perfil tradicional, íamos precisar de designers, matemáticos e pesquisadores em campos diversos.”
Profissionais maduros
Uma das iniciativas foi investir na contratação de profissionais mais seniores, acima dos 50 anos. Em linha com os estudos do Empreendabilidade, esses profissionais hoje tem capacidade de trabalho muito diferente do passado, quando tinham cabeça de se aposentar. “Hoje em dia, com 50 anos, ninguém está com essa cabeça. Por que não trazemos esse pessoal e fazemos um re-skilling?”, diz.
A Accenture criou o programa Grand Master, apelidado de “trainee 50+”, para selecionar profissionais mais experientes. “Executivos ou não, buscamos pessoas com capacidade de trabalho, que tenham vontade de aprender novos skills. Está sendo um super sucesso, quase começando uma nova carreira, se sentindo energizadas, fazendo novas coisas.”
Além de tudo, pontua o executivo, esse tipo de programa é uma ajuda na demanda da sociedade por profissionais capacitados. “Investimos para formar profissionais que sejam melhores para a sociedade, e obviamente queremos captar a maioria deles.”
Eschenbach acaba de ser nomeado para o novo cargo. Na entrevista, dá a dica para os gestores: “o gestor precisa ter clareza sobre os objetivos e o futuro das equipes que coordena. Saber o que o seu time terá de fazer nos próximos três anos para que a empresa continue crescendo e manter conversas frequentes.”
Fonte: com informações do Podcast CBN Professional – disponível nas principais plataformas de streaming, como Spotify e Apple Podcasts, e no site da CBN e do Valor Econômico.