- Estado tem menos aberturas de empresas de médio e grande porte no período, o que sinaliza comportamento mais conservador, principalmente em fevereiro;
- Setor de bares, restaurantes e serviços de alimentação começa o ano desaquecido; Na contrapartida, feiras e eventos retomam negócios vislumbrando oportunidades em 2023;
- Apesar de redução nas aberturas de CNPJs, microempresas continuam sendo opção para recolocação no mercado de trabalho;
O número de empresas abertas no Estado de São Paulo caiu 6,89% no primeiro bimestre de 2023 em comparação com o ano passado, segundo levantamento do Empreendabilidade, casa de análise do empreendedorismo, a partir dos dados da Receita Federal.
Nos dois primeiros meses do ano, foram abertas 196.371, contra 210.907 no mesmo período de 2022. No mês de fevereiro, houve uma redução de 14,71% nos CNPJs: 92.517 em fev/2023 contra 108.475 há um ano. Em comparação com janeiro/2023, houve 10,92% menos aberturas: uma diferença de 11.337 CNPJs.
Na leitura do Empreendabilidade, a diminuição no número de CNPJs abertos no Estado com a maior economia do País é reflexo de um cenário complexo.
“O empreendedorismo tem crescido no Brasil, com acelerado aumento no número de microempresas abertas na série histórica. Porém, o cenário econômico segue influenciado por diversos fatores”, afirma Ricardo Meireles, pesquisador e fundador do Empreendabilidade.
“Ao mesmo tempo em que ainda estamos no processo de recuperação da pandemia, tivemos crises globais e temos expectativa pela reforma tributária, que poderia vir aliada a um ambiente de negócios mais favorável para o empreendedorismo”, explica.
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Comportamento por porte
Nas microempresas, que representam mais de 90% dos CNPJs ativos no Estado, há registro de 7,18% menos aberturas no bimestre em relação a 2022 (178.516 em 2023 contra 192.318 no ano passado), que foi parecido com o ano anterior, de 2021.
Nas empresas de pequeno porte, o número subiu 5,4%, com 356 empresas a mais no ano (6.946 este ano e 6.590 em 2022), mas com queda de 10% em relação há dois anos (gráfico abaixo).
Nas médias e grandes (demais portes), foram 1.090 CNPJs a menos abertos no bimestre (10.909 em 2023 e 11.999 em 2022). Na comparação com 2021, houve uma queda de 20% na abertura de companhias.
No mês de fevereiro, as microempresas caíram 2,49% (83.478 fev/23 X 98.669 fev/22), cerca de 15 mil CNPJs de diferença. As empresas de pequeno porte mantiveram patamar similar, com 0,11% de alta (3.650 fev/23 X 3.646 fev/22). As empresas de demais portes (médias e grandes) tiveram redução de 11,82% nas aberturas do último mês, totalizando 5.389 CNPJs contra 6.160 há um ano.
“A queda na abertura de empresas de maior porte, que demandam maior investimento, pode ser resultado de um comportamento mais conservador diante do macrocenário, visto que o começo do ano foi de calorosas discussões sobre a base econômica, juros e mercado”, explica Meireles.
“Na outra ponta, a redução na abertura de microempresas ainda é pontual diante do contínuo movimento de ‘pejotização’, profissionais que abrem uma microempresa individual para prestar serviços e continuar no mercado de trabalho, que cresceu na pandemia.”
Gráfico Empreendabilidade: bimestre janeiro e fevereiro abertura de CNPJs SP
Gráfico Empreendabilidade: fevereiro abertura de CNPJs SP
Restaurantes esfriaram no pós-pandemia?
Dentre os setores que tiveram maior redução de abertura de CNPJs em SP, chama a atenção o de estabelecimentos de alimentação fora de casa, o que inclui bares e restaurantes, lanchonetes e cafés.
No recorte bimestral, a abertura de lanchonetes, casas de chá, sucos e similares (CNAE 5611-2/03) foi 13,05% menor entre 2023 e 2022. De restaurantes e similares (5611-2/01) caiu 24,41% no mesmo período, e alimentos preparados para consumo domiciliar (5620-1/04) caiu 25%.
“Estes segmentos estão entre os que mais sofreram durante a pandemia devido ao isolamento social e esperava-se uma recuperação gradual. Contudo, os estabelecimentos são afetados diretamente pelas mudanças que estamos vivendo. Mesmo com retorno para os escritórios, ainda que em modelo híbrido, com o brasileiro endividado, gastando menos, sem aumento de demanda e o contexto do crédito mais caro, o sinal é de que o setor começa o ano frio”, afirma o analista.
Feiras e Eventos retomam atividade
Já o segmento de feiras e eventos (CNAE 8230-0/01) sinaliza retomada importante no primeiro bimestre de 2023, com 26,1% mais CNPJs abertos em relação ao ano passado, e 63,67% na comparação com 2021. Foram quase 3 mil empresas (2.933) abertas no Estado nos meses de janeiro e de fevereiro.
“A retomada dos eventos presenciais, nítida nos primeiros números do ano, é catalisador de diversos segmentos. Era um movimento esperado e que tem potencial de trazer um efeito em cascata com eventos já programados para ocorrerem ao longo do ano”, conclui o executivo.