O que o prejuízo do Softbank diz sobre a crise dos unicórnios

(foto: pexels-pixabay)

O Softbank, grupo japonês investidor de tecnologia,  reportou prejuízo recorde no trimestre de abril a junho, de 3,16 trilhões de ienes, ou US$ 23,4 bilhões, 50% maior que o prejuízo anterior, de janeiro a março. No ano fiscal, encerrado em 31 de março, 0 prejuízo chegou a 1,71 trilhão de ienes.

O que o resultado do gigante, que investe em marcas conhecidas no Brasil como VTex, Creditas, Olist, Mecado Bitcoin, QuintoAndar, Loft, Kavak, Uber, MadeiraMadeira, Banco Inter e outros, indica?

Estamos acompanhando desde abril, quando esta página sequer existia, a fuga de recursos financeiros das startups, realidade não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, muito por conta do impacto nos empregos que vem sendo noticiado todos os dias. Estima-se que quase 5 mil pessoas tenham sido demitidas no período. O último a noticiar demissões foi a Loggi, outro unicórnio brasileiro, juntando-se a várias outras, muitas delas do portfólio do Softbank.

A maior aceleradora do mundo, a Y Combinator, anunciou  na última semana que reduziu em 40% o número  de startups no programa de verão.

No seu relatório semestral, divulgado há um mês, o hub Distrito contabilizou que os investimentos em startups caíram 44% na primeira metade do ano.

Esse movimento de baixa indica que o mercado de Startups pode estar chegando a um ponto de maturidade, o que se reflete em investimentos mais duros e com foco em resultados de fato. Em outras palavras, acabou-se o dinheiro para gastar à vontade.

O QuintoAndar, na mesma semana em que demitiu 200 pessoas (há conversas no mercado sobre esse número chegar a 800), era um dos grandes anunciantes do BBB. Alguém se lembra?

No ano anterior, a empresa havia anunciado um plano de expansão para América Latina, com aumento de 150% dos investimentos em marketing. As cotas do reality da Globo giram entre R$ 12 milhões e R$ 92 milhões, ou seja, bastante dinheiro.

O argumento de que uma startup requer aportes altos para tecnologia não deveria significar, também, aquela coisa toda de que a tecnologia torna os negócios mais eficientes?

Ao mesmo tempo em que o dinheiro fica mais duro, o investidor fica mais perspicaz. Todos os dias ainda saem notícias de rodadas de investimentos, novas Startups captando aportes e boas soluções surgindo.

Na nossa modesta opinião, com menos recursos, é possível que surjam startups “melhores”, que haja mais fusões e que embustes sejam revelados.

 

Ainda faltarão programadores?

O que ainda não está claro é o quanto essa redução nos investimentos vai impactar no mercado de empregos para programadores: havia uma previsão de escassez de profissionais de tecnologia, resultado de um cálculo direto do horizonte de demanda versus profissionais disponíveis e cursos de formação.

A estimativa era de que o mercado demandasse, até 2025, 797 mil novos talentos (fonte: Associação de Profissionais de Informação e Comunicação – Brasscom). Por ano, o país forma cerca de 50 mil profissionais, mas, nos últimos meses o setor TIC viu crescer o número de escolas e iniciativas de formação de programadores.

Agora, com as demissões nos unicórnios, o cenário continuará o mesmo?

 

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