Startup cresce conectando produtores rurais a varejistas

A maior ambição da empreendedora Priscila Veras, de 41 anos, é que a Mude Meu Mundo seja a ferramenta mais importante na mão dos produtores de comida. Para isso, a startup oferece um ecossistema com diversas soluções, como conexão com varejistas, emissão de notas fiscais, adiantamento de recebíveis e acesso ao microcrédito. “A ideia é que o produtor não precise deixar o campo por não ser viável financeiramente”, afirma a empreendedora.

A startup desenvolveu uma API integrada ao WhatsApp para que o produtor consiga fazer tudo o que é necessário pelo celular. “Ele pode confirmar o pedido, emitir nota fiscal e sinalizar disponibilidade de um produto por meio da plataforma”, exemplifica Veras. Caso o agricultor não consiga fazer a entrega após a venda, a startup faz a logística de captar os alimentos e levá-los para os varejistas.

Por enquanto, a empresa tem 700 produtores nos estados de São Paulo, Ceará, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. A expectativa é ter 3 mil profissionais até abril de 2023.

Em 2021, Laís Xavier entrou como sócia no negócio. “Nos conhecemos em 2020, no programa Itaú Mulher Empreendedora, enquanto ela era CEO de outra startup. Como ela é engenheira, passou a me ajudar nas questões de tecnologia e liderança do time. Em 2021, veio permanentemente”, afirma Veras, que é formada em pedagogia.

A startup foi uma das selecionadas pelo 100 Startups to Watch de 2022. “Foi muito importante. Somos duas mulheres do Nordeste empreendendo no agro, e a visibilidade do 100 Startups to Watch em todo o território nacional foi muito relevante”, afirma. As inscrições para a edição deste ano estão abertas e podem ser feitas até o dia 14 de julho pelo site www.100startupstowatch.com.br.

Negócio com impacto
Vegas fundou a Mude Meu Mundo em 2017, a partir do desejo de criar um negócio de impacto social. A empreendedora estava mais interessada em ter uma alimentação saudável após o nascimento do filho e, na mesma época, viajou para diferentes lugares do Brasil onde conheceu agricultores que passavam por dificuldades financeiras.

A ideia inicial foi organizar feiras durante o fim de semana em Fortaleza, cidade natal da empreendedora, para que os produtores pudessem oferecer seus produtos. A empresa recebia uma porcentagem pelas vendas. “Em teoria, daria certo trazer o produtor do interior para vender na cidade. No entanto, vender em apenas um dia da semana — e não ter a segurança de que faria vendas — foi algo com pouco resultado. Quando estava chovendo, por exemplo, as pessoas não apareciam para comprar”, afirma. Com isso, a Muda Meu Mundo também não era rentável.

No meio de 2019, depois de um ano de empresa, Vegas decidiu mudar o modelo de negócio para o que é hoje. Entre os clientes dos produtores estão grandes e médios varejistas, além de outras empresas que possuem dificuldade de acessar os produtores. “Por exemplo, startups que vendem cestas ou atendem restaurantes.”

Um dos diferenciais da empresa é o serviço de rastreio do alimento para mensurar o impacto socioambiental, explicando para o varejista de onde a comida veio, quanto gás carbônico foi liberado no processo e quanto o produtor ganhou pela venda. “Eles mesmos podem oferecer esses dados para os clientes como uma estratégia de marketing. Também é útil para que as empresas atinjam suas metas de sustentabilidade”, afirma a fundadora.

Segundo Veras, a Muda Meu Mundo não focou na divulgação para o varejo. “Ficamos conhecidos de maneira orgânica. As grandes redes de supermercado nos conheceram pela mídia. Focamos mesmo na captação de produtores, e eles mesmos podem indicar uns aos outros.”

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