Companhia de ex-colega de Zuckerberg cria empresas do zero, lança e mantém participação; No Brasil, primeiros passos são em São Paulo
Aquela tese de que você é a média das 5 pessoas com as quais convive parece ter funcionado bem para a turma de Harvard de Mark Zuckerberg.
Além do próprio Zuckerberg, a classe teve outros nomes conhecidos como o brasileiro Eduardo Saverin e os irmãos Cameron e Tyler Winklevos, que também foram sócios na rede social. Agora, mais um da turma ganha evidência no mundo da inovação: o norueguês Magnus Grimeland.
Grimeland foi um dos que surfou a maré da tecnologia na primeira década do século XXI. Na Rocket Internet, de Oliver Samwer, onde começou carreira, ele foi um dos responsáveis por transformar o Global Fashion Group, dono da Dafit e de outras redes online de varejo de moda, em um conglomerado do e-commerce com mais de US$ 1,6 bi em vendas.
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O foco agora é nos investimentos em startups e, para isso, Grimland fundou a Antler.
A Antler busca fundadores em potencial em países emergentes, os coloca em um programa de novos negócios “bombado” – uma espécie de nascedouro de startups – e liga a máquina de criação e desenvolvimento de empresas para crescimento exponencial.
“Nós amamos isso. Entramos em contato com o chefe de produto do Spotify e dizemos: ‘Ei, parabéns pela criação do Spotify – não é hora de você sair e construir seu próprio negócio de bilhões de dólares?’”, afirmou o empresário em entrevista para a Forbes.
A Antler nasceu em 2017, com US$ 500 mil investidos pelo próprio norueguês. Um ano depois, ele levantou US$ 6 milhões de um grupo de colegas empreendedores. Na operação atual, parte do recurso vem da gestora britânica Schroders, da International Finance Corporation e também do seu velho amigo Saverin.
Atualmente, a companhia administra cerca de US$ 500 milhões em ativos. Já foram mais de 450 startups criadas, sendo que a cada oito dos investimentos um falhou, e ainda não há unicórnios ou grandes para provar a tese de Grimeland.
Porém, alguns cases mostram sucesso: a Reebelo (Singapura), por exemplo, marketplace de smartphones e laptops usados, está se aproximando de US$ 100 milhões em vendas anuais e conquista 10.000 clientes por mês. A fintech XanPool, que opera pagamentos em criptomoedas para mais de 400 clientes incluindo o unicórnio sul-coreano Toss, arrecadou US$ 27 milhões no ano passado em rodada liderada pela Valar Ventures, de Peter Thiel.
A ocupação geográfica também é valiosa: já são 21 escritórios, em 6 continentes, com uma rede de assessores e operadoras em cada cidade – inclusive em São Paulo, negócio anunciado em abril deste ano.
O negócio da Antler é armar a catapulta. A companhia atua na abertura das empresas em troca de uma participação de cerca de 10% e não costuma liderar as rodadas subsequentes, investindo recursos apenas para manter o ativo. O fundo dedicado ao Brasil deve investir até US$ 50 milhões de dólares nos próximos cinco anos, segundo afirmou Marcelo Ciampolini, representante da empresa em São Paulo.
Super MBA
Na caça a possíveis talentos, a Antler espera receber 100 mil inscrições em todo o mundo de pessoas interessadas em ser founders, mas menos de 3% devem passar no processo. Quem entra no programa aposta que conseguirá criar um emprego melhor por conta própria, pedindo demissão dos seus atuais. A empresa oferece apenas uma bolsa de até US$ 2.500 para compensar despesas.
Os programas variam de 6 a 12 semanas, durante as quais os participantes procuram cofundadores, desenvolvem um modelo de negócios e tentam convencer a Antler de que merecem o financiamento inicial. Se a empresa decidir investir, os aportes variam entre US$ 100 mil e US$ 200 mil para uma participação de 10% – antes mesmo de uma empresa ser constituída.
Com informações da Forbes